Filhos de mãe virgem!

PRODUÇÃO INDEPENDENTE

A geração de filhotes sem a atuação do macho

só não foi registrada ainda em mamíferos
 
 

Os tubarões, que sobreviveram à era dos dinossauros e resistem aos humanos e aos ciclos naturais da Terra há milhões de anos, não param de se mostrar fascinantes. Em 2007, cientistas comprovaram que uma fêmea de tubarão-martelo que vivia no zoológico Henry Doorly, em Omaha (EUA), gerou um filhote em 2001 sem nunca ter cruzado. O bebê, no entanto, morreu três dias depois. E foi-se embora uma evidência única: esse tipo de reprodução, chamado de partenogênese, só havia sido registrado entre répteis, aves e outras espécies de peixes – nunca entre tubarões.

Cientistas acharam não só um novo caso do fenômeno como provaram que tubarões nascidos dessa forma podem viver por mais de cinco anos. Uma fêmea de tubarão-bambu do Belle Isle Aquarium, de Detroit (EUA), jamais havia estado com machos, mas colocava ovos. Como acreditavam que eles fossem inférteis, os funcionários do aquário os dispensavam. Em 2002, ao saberem do caso de Omaha, eles guardaram sete ovos. Depois de 15 semanas, quatro eclodiram. Um dos filhotes morreu após 14 dias e outro, um ano depois. Dois continuaram crescendo até 2005, quando amostras de DNA foram colhidas.
Os jovens tubarões foram transferidos para um novo aquário e misturados a outros peixes. Segundo os pesquisadores, eles viveram pelo menos cinco anos. O outro caso relatado até então era de um embrião encontrado no ventre de um tubarão-galha-preta. Na partenogênese, a reprodução se dá quando metade do material genético feminino se junta com uma cópia idêntica, também presente nas células do animal. “O óvulo é basicamente um clone da mãe pela metade”, define Paulo Prodöhl, pesquisador brasileiro radicado no Reino Unido e coautor do estudo.

Filhos de reprodução normal têm metade da carga genética igual à da mãe e a outra como a do pai. Quando gerado sem que tenha havido cópula, o filhote só fica com os 50% maternos. Sua carga genética é menos diversa, o que é ruim para qualquer organismo. “Quando perde variabilidade genética, uma espécie fica sem a capacidade de lidar com mudanças ambientais”, disse à ISTOÉ o americano Kevin Feldheim, líder da pesquisa.

Para o professor de zoologia Otto Bismarck Gadig, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o stress da vida em cativeiro não pode ser ignorado. A diminuição da população desses animais em virtude da pesca predatória também pode explicar o caso. “Um exemplo comprovado de adaptação a essa ameaça é que algumas espécies estão chegando à maturidade mais cedo, para se reproduzir antes”, diz Gadig. Ele acredita que outros casos de partenogênese serão descobertos por causa do avanço da genética molecular. Prodöhl não se surpreende com a descoberta de mais essa faceta dos tubarões: “Eis uma possível razão para eles existirem há 400 milhões de anos. Adaptação é o nome do jogo.”



Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/

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