Uma espécie de peixe descoberta há pouco tempo no Golfo do México já corre o risco de desaparecer por causa do vazamento de petróleo da BP, segundo pesquisadores da Louisiana State University (LSU), nos Estados Unidos.
O Halieutichthys aculeatus, chamado em inglês de pancake batfish (“peixe-morcego panqueca”, em tradução livre), vive a cerca de 400 metros de profundidade. A espécie foi descoberta há cerca de seis meses pelo biólogo Prosanta Chakrabarty, da Universidade do Estado da Louisiana (LSU, na sigla em inglês).
O peixe leva este nome por ser achatado e redondo como uma panqueca, apesar de ser muito menor que uma. Segundo Chakrabarty, “se você faz um formato oval com seu dedão e o dedo indicador, você tem aproximadamente o tamanho dele”.
“Eles são realmente esquisitos”, afirmou o biólogo. “Muita atenção é dada à carismática megafauna, as baleias e as tartarugas, mas nós não podemos dizer o que está acontecendo abaixo da superfície.”
Chakrabarty alerta que o vazamento de petróleo está ocorrendo no nível do habitat destes peixes, o que pode dizimar a espécie no Golfo do México.
Alimento de atum – O peixe passa a maior parte de seu tempo descansando sobre o fundo arenoso do Golfo do México, já que ele não nada, mas pula sobre o solo com a ajuda de nadadeiras.
“Durante minha expedição pela LSU nós pescamos cerca de 100 mil peixes e apenas três eram peixes-morcego panqueca. É difícil estimar qual é a população deste tipo de peixe, mas se eles são raros em museus, eles devem ser raros no mar”, disse Chakrabarty.
De acordo com o biólogo, a BP e o governo pioraram a situação para as espécies que vivem no fundo do mar ao injetar imensas quantidades de químicos para dispersar a mancha de óleo.
“Apenas porque é abaixo da superfície não quer dizer que não está causando danos. Significa apenas que nós não sabemos quais são as consequências”, afirmou Chakrabarty à estação de rádio pública americana NPR, que traz em seu website um quadro com a contagem em tempo real da quantidade de petróleo vazada no oceano.
A cientista Samantha Joye, da Universidade da Geórgia, faz parte de uma equipe de pesquisadores que está mapeando uma imensa mancha de água poluída a cerca de 20 km a oeste e sudoeste do poço que está vazando.
Esta mancha teria mais de 3 km de extensão e cerca de 600 m de profundidade.
“Quanto mais perto do poço as amostras foram coletadas, maior a concentração de óleo e gás. Outros cientistas independentes encontraram diversas outras manchas, e cientistas do governo também estão fazendo essas buscas. Mas até agora, a BP diz que não pode confirmar que a (plataforma que explodiu e afundou) Deepwater Horizon está criando grandes manchas submarinas”, afirmou Joye à NPR.
Apesar de não se saber ao certo em que nível da cadeia alimentar o peixe-morcego panqueca se encontra, alguns foram encontrados nos estômagos de atum e do marlim.
Chakrabarty, que pretende registrar a descoberta da espécie em agosto, diz que até lá é capaz de o peixe não existir mais.
A possibilidade da espécie desaparecer está alarmando os cientistas, que dizem ser impossível estimar os impactos do vazamento da BP em longo prazo.
(Fonte: G1)
É realmente um absurdo esse vazamento, e o pior é que ninguém tem mais idéia do que ser feito, que atitude tomar. Era preciso uma infraestrutura, um apoio, ou até quem sabe um programa de vazamento, muito maior antes de se poder abrir o solo para a retirada do petróleo, que ao entrar em contato com a fauna e florar causa desastres catastróficos.
TERRÌVEL E DESESPERADOR...
O pior de tudo é saber disso aí de baixo...
Congressistas dos EUA dizem que BP ignorou riscos no Golfo do México
O diretor-executivo da petroleira britânica BP, Tony Hayward, ouviu nesta quinta-feira (17) duras críticas de congressistas americanos, que acusaram a empresa de ter ignorado os riscos da exploração de petróleo no Golfo do México.
“Nós não conseguimos encontrar nenhuma evidência de que vocês prestaram atenção aos enormes riscos que a BP estava assumindo”, disse o presidente da Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes (deputados federais), Henry Waxman, em audiência sobre o vazamento de petróleo no Golfo.
“Nós revisamos 30 mil páginas de documentos da BP, incluindo seus e-mails. Não há um único e-mail ou documento que mostre que vocês prestaram a menor atenção aos riscos desse poço”, disse Waxman, referindo-se ao acidente com a plataforma operada pela BP, que ocorreu no final de abril e causou o vazamento.
“A complacência corporativa da BP é espantosa”, afirmou o deputado democrata.
Waxman disse ainda que há uma “completa contradição” entre as palavras e as ações da BP.
“Você foi trazido para fazer da segurança a prioridade da BP, mas sob sua liderança a BP assumiu os mais extremos riscos”, afirmou o congressista, ao se referir a Hayward.
“A BP cortou aqui e ali para economizar US$ 1 milhão aqui, algumas horas ou dias ali, e agora toda a costa do Golfo está pagando o preço.”
Desculpas – Após ouvir as críticas dos congressistas, Hayward pediu desculpas pelo desastre e disse que a empresa não vai descansar até resolver o problema.
Quando se preparava para começar a falar, o executivo foi interrompido por uma mulher, que protestava aos gritos e com as mãos sujas de preto e teve de ser contida pelos seguranças.
Só após a manifestante ser retirada do local, Hayward iniciou seu depoimento.
“A explosão e o incêndio na (plataforma) Deepwater Horizon e o resultante vazamento de petróleo no Golfo do México nunca deveriam ter acontecido, e eu lamento profundamente que tenham”, disse o executivo.
“Entendo o quão séria é a situação. É uma tragédia”, afirmou.
“Eu sei que apenas ações e resultados, e não meras palavras, poderão dar a vocês a confiança que buscam. Eu dou a minha garantia, como líder da BP, de que nós não vamos descansar até que tenhamos consertado isso”, disse Hayward.
O executivo afirmou ainda que a BP é “uma empresa forte” e que não vai poupar recursos.
“Nós e toda a indústria vamos aprender com esse terrível evento e emergir mais fortes, sábios e seguros.”
Na quarta-feira, após uma reunião de mais de quatro horas com o presidente Barack Obama, a cúpula da BP concordou com a criação de um fundo independente no valor de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões) para pagar indenizações às vítimas do vazamento.
A empresa anunciou também que vai suspender o pagamento de dividendos a acionistas neste ano, o que era uma demanda do governo americano, para garantir que as vítimas sejam compensadas.
Vazamento – O vazamento no Golfo do México é o principal desastre ambiental da história americana e começou em 20 de abril, quando a Deepwater Horizon, operada pela BP, explodiu e afundou, matando 11 funcionários.
Desde então, inúmeras tentativas de conter completamente o vazamento de petróleo fracassaram.
A técnica mais recente utilizada pela BP, um dispositivo sobre o poço danificado, que está a cerca de 1,5 mil metros de profundidade, tem conseguido conter apenas em torno de 18 mil barris por dia.O volume coletado ainda é insuficiente para interromper o vazamento, estimado entre 35 mil e 60 mil barris de petróleo por dia.
Um segundo dispositivo está sendo colocado no local do vazamento.
A BP afirma que já gastou mais de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões) desde o início do vazamento.
O valor das ações da empresa já caíram pela metade desde abril.
Nesta quinta-feira, porém, depois do anúncio da criação do fundo, as ações da empresa fecharam em alta de 6,74% na Bolsa de Londres.
(Fonte: G1)
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